15 de maio de 2025

Proposta de reforma do Código Civil altera 54% dos artigos do texto atual

O Código Civil é alvo de uma proposta de reforma em discussão no Congresso que altera 1.122 dos 2.046 artigos da versão atual da lei. Apresentado pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o projeto recebeu críticas de advogados.

"Não é uma atualização, mas quase um novo Código Civil", diz o advogado Ernesto Tzirulnik. Para ele e outros especialistas, o texto muda normas consolidadas e é vago em relação a pontos que exigiam maior precisão.

Linguagem técnica demais também é alvo de críticas. Segundo o advogado Maciel Gonzaga de Luna, há consenso na comunidade jurídica de que a atual versão do Código Civil precisa de ajustes, principalmente em relação às partes de família e sucessões. Porém, mudanças propostas pelo projeto em debate vão bem além.

Para especialistas, pouco tempo de discussão prejudica amadurecimento do texto. O código de 1916 foi fruto de movimentações que se estenderam por mais de 60 anos. Já o anteprojeto da versão hoje em vigor demorou 5 anos para ser elaborado —enquanto a proposta em debate no Congresso foi desenvolvida em 8 meses.

Defensores dizem que mudanças atualizam código e incorporam decisões de tribunais. Elaborado por uma comissão de juristas coordenada pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Luis Felipe Salomão, o projeto foi protocolado em 31 de janeiro. Procurado, Pacheco não retornou os contatos da reportagem.

Enquanto a Constituição reúne as normas que regem o funcionamento do país, o Código Civil foca em direitos e deveres do cidadão. Ele é organizado em 5 partes: diretrizes gerais, obrigações, direito de família, direito das coisas e direito das sucessões.