Uma análise técnica do Tribunal de Justiça do RN questiona a
legalidade do decreto da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) que definiu cortes
nos orçamentos do Judiciário, Legislativo e Ministério Público (MPE).
A análise está em andamento, mas já concluiu que há
“afrontas” no ato governamental à Constituição Federal, à Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) e à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Ontem,
o procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis, também opinou que “o decreto não é possível porque fere a LRF”.
As medidas adotadas pela governadora foram vistas com
“indignação” pelos promotores e com “surpresa” pelos desembargadores. Ambas as
instituições temem a paralisação de programas e projetos em curso,
inadimplências com fornecedores e atraso no pagamento da folha de pessoal.
O estudo preliminar
de técnicos do Tribunal de Justiça aborda três aspectos: Um, com base na
Constituição Federal, que assegura autonomia orçamentária e financeira aos
Poderes (art. 99) e permite ao chefe do Executivo “propor” e não “impor”
medidas ao Judiciário; outro com referência na LDO, que determina – e não teria
sido cumprido - uma comunicação prévia
antes de cortes orçamentários e mudanças nas “estimativas de receitas e
despesas, revisão de parâmetros”, alterações de despesas e cálculos relativos
às frustrações; um terceiro ponto analisado pelos técnicos do TJ diz respeito a
um artigo da Lei Fiscal que autorizaria o Executivo a promover a limitação de
empenho e da movimentação financeira (art. 9º, §3º ). A análise aponta que esse
artigo foi suspenso por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
O procurador-geral do MPE disse lamentar o fato de o Governo
impor uma medida quando as conversas com as instituições autônomas estavam em
curso.
“Tivemos uma reunião recentemente e nunca foi adiantado que se tomaria uma providência tão drástica como essa. O corte nesses percentuais cria um problema sério para a administração”, concluiu Rinaldo Reis.
“Tivemos uma reunião recentemente e nunca foi adiantado que se tomaria uma providência tão drástica como essa. O corte nesses percentuais cria um problema sério para a administração”, concluiu Rinaldo Reis.