A nova edição do relatório Desafios de Inteligência, apresentada pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), na terça-feira (2), detalha com mais precisão do que em anos anteriores como o crime organizado se transformou em um fator político estruturante no país.
O documento afirma que facções e milícias avançaram sobre
lacunas do Estado, construindo redes de poder que influenciam a vida cotidiana,
a economia local e, cada vez mais, o comportamento eleitoral das populações sob
seu domínio.
Segundo o relatório, esse avanço não é episódico nem
restrito a regiões específicas: trata-se de um movimento nacional, com
características próprias em cada território, mas que compartilha a mesma lógica
- ocupar o vácuo institucional deixado por serviços públicos insuficientes e
convertê-lo em capital político.
O texto aponta que grupos criminosos passaram a atuar
como “instâncias reguladoras” de áreas inteiras, definindo normas, controlando
a circulação e impondo regras paralelas que afetam diretamente a dinâmica
eleitoral.
A Abin descreve que essa presença resulta de uma
“simbiose crescente entre a criminalização da política e a politização do
crime”. Ou seja, enquanto organizações criminosas buscam representação
institucional para proteger seus interesses, parte da classe política se
beneficia do controle territorial exercido por esses grupos.
Em outro trecho o relatório da agencia diz: “Em áreas
periféricas e de baixa presença estatal, grupos criminosos exercem poder paralelo,
controlando a vida de comunidades e, consequentemente, o voto”.
Em áreas com menor presença estatal, as facções exercem
influência direta sobre o voto.
