23 de janeiro de 2024

Advogado é condenado por crimes de homofobia e racismo em Juazeiro do Norte

Um advogado de Juazeiro do Norte, na Região do Cariri do Ceará, foi condenado a quase três anos de prisão em regime semiaberto por insultos proferidos em um grupo de WhatsApp contra gays e mulheres negras.

Além disso, o réu deve pagar 56 "dias-multa", o equivalente a R$ 2,6 mil. Os valores serão destinados ao Judiciário cearense.

O julgamento do jurista, que não teve sua identidade revelada, foi antecipado em 21 meses a pedido da Defensoria Pública do Ceará, que representa uma das vítimas.

"Como estávamos falando de mais de três anos entre o ato e a data para a qual a audiência havia sido marcada, solicitamos a antecipação e tivemos uma conclusão do Judiciário refirmando a decisão do Supremo [Tribunal Federal] de que homofobia é racismo e punindo uma pessoa por isso, além do racismo em si contra pessoas negras. A sentença representa uma resposta do estado brasileiro a esse advogado, dizendo que o ato reprovável dele constitui crime", explicou o defensor público Aluizio Jácome, um dos que atuaram no processo.

Segundo a Defensoria, além da ação criminal, agora julgada, o advogado responde a uma ação civil pública que pode resultar em indenização às vítimas por danos morais.

O crime aconteceu no dia 31 de julho de 2022, em um grupo de WhatsApp chamado "Resenhas do Futebol". À época, um homem se posicionou politicamente em favor da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República e, em resposta, o advogado enviou nove áudios defendendo o assassinato da população LGBTQIA+ e, dentre outras manifestações de racismo, dizendo que "nego é tudo seboso". Confrontado pelo administrador do grupo, o acusado reiterou as ofensas.

Se sentindo pessoalmente ofendido, o interlocutor procurou, então, a assistência jurídica da Defensoria Pública, que endossou denúncia oferecida ao Ministério Público do Ceará contra o advogado, e relatou à Justiça que as falas já haviam sido proferidas em outras situações. O acusado, por sua vez, afirmou não se lembrar do ocorrido, negou ser racista ou homofóbico e alegou ser alcoólatra.