13 de abril de 2021

“Profetas da chuva” do NE também recorrem ao trabalho remoto

Todo ano os chamados “Profetas da chuva” do interior do Nordeste  se reúnem no Estado do Ceará para divulgar suas previsões para a quadra chuvosa na região - período que geralmente vai de janeiro a junho e é crucial para o sustento das famílias de pequenos agricultores locais.

Com a pandemia do novo coronavírus, porém, até eles tiveram de aderir ao “trabalho remoto”.

Os profetas nordestinos dizem antever as chuvas no Semiárido observando sinais da natureza, como a floração de determinadas plantas, o comportamento de pássaros ou o movimento dos insetos. Para alguns deles, por exemplo, se o joão-de-barro não estiver no ninho, é sinal de chuva.

“A formiga é o bicho mais inteligente que existe”, define o agricultor Titico Báia, de 69 anos e há 35 como profeta. “Elas começam a limpar o formigueiro no verão e jogam o bagaço seco fora. Dali a 90 dias, a chuva vem. Quando o sapo-cururu se prepara para começar a cantar, também é sinal de água.”

“Em uma época em que não tínhamos medições regulares na nossa região, essas mulheres e esses homens eram a bússola para os agricultores. Eles diziam a hora certa de plantar e ajudavam a garantir uma colheita melhor”, conta o diretor do IFCE (Instituto Federal do Ceará) de Tauá (337 km de Fortaleza), José Alves Neto.