Todo ano os chamados “Profetas da chuva” do interior do Nordeste se reúnem no Estado do Ceará para divulgar
suas previsões para a quadra chuvosa na região - período que geralmente vai de
janeiro a junho e é crucial para o sustento das famílias de pequenos
agricultores locais.
Com a pandemia do novo coronavírus, porém, até eles tiveram de aderir ao
“trabalho remoto”.
Os profetas nordestinos dizem antever as chuvas no Semiárido observando
sinais da natureza, como a floração de determinadas plantas, o comportamento de
pássaros ou o movimento dos insetos. Para alguns deles, por exemplo, se o
joão-de-barro não estiver no ninho, é sinal de chuva.
“A formiga é o bicho mais inteligente que existe”, define o agricultor
Titico Báia, de 69 anos e há 35 como profeta. “Elas começam a limpar o
formigueiro no verão e jogam o bagaço seco fora. Dali a 90 dias, a chuva vem.
Quando o sapo-cururu se prepara para começar a cantar, também é sinal de água.”
“Em uma época em que não tínhamos medições regulares na nossa região,
essas mulheres e esses homens eram a bússola para os agricultores. Eles diziam
a hora certa de plantar e ajudavam a garantir uma colheita melhor”, conta o
diretor do IFCE (Instituto Federal do Ceará) de Tauá (337 km de Fortaleza),
José Alves Neto.