22 de novembro de 2014

LEANDRO GOMES DE BARROS: O Maior Poeta Popular do Brasil

A cidade de Pombal, no alto sertão da Paraíba, terra natal do poeta Leandro Gomes de Barros, abriu nesta sexta-feira (21) as comemorações do ‎Sesquicentenário daquele que é considerado pai do cordel, com uma palestra do professor Aderaldo Luciano, em prestigiada solenidade  pelo mundo cultural sertanejo.
Leandro Gomes de Barros nasceu na Fazenda da Melancia, no município de Pombal, em 19 de novembro de 1865 e morreu em Recife, em 4 de março de 1918. Foi um poeta de literatura de cordel brasileiro, sendo considerado como o primeiro escritor brasileiro de literatura de cordel. Estima-se que sua vasta produção literária, iniciada em 1889, no estado de Pernambuco, atinge cerca de 600 títulos, dos quais foram tiradas mais de 10 mil edições.
No seu tempo, era cognominado "O Primeiro sem Segundo", e ainda é considerado o maior poeta popular do Brasil de todos os tempos, autor de vários clássicos e campeão absoluto de vendas, com muitos folhetos que ultrapassam a casa dos milhões de exemplares vendidos.
Com cerca de 10 anos de idade, na cidade de Teixeira-PB, conviveu com grandes violeiros, a exemplo de Ignácio da Catingueira, Romano da Mãe d'Água, Bernardo Nogueira e Ugulino Nunes da Costa. Por eles nutriu grande simpatia e admiração e deles herdou o estro da poesia popular, tornando-se o primeiro sem segundo, escrevendo mais de seiscentas histórias, distribuídas em mais de 10 mil edições.
Compôs obras-primas que eram utilizadas em obras de outros grandes autores, como por exemplo, Ariano Suassuna, que utilizou a história do gato que defecava dinheiro no seu "Auto da Compadecida". Escreveu folhetos de cordel de grande aceitação popular, como História da Donzela Teodora, Juvenal e o Dragão, Antônio Silvino, O Rei dos Cangaceiros, O Boi Misterioso, Alonso e Marina, João da Cruz, Rosa e Lino de Alencar, O Príncipe e a Fada, O satírico Cancão de Fogo, entre muitos outros.
Depois de fundar uma pequena gráfica, em 1906, seus folhetos se espalharam pelo Nordeste, sendo considerado por Câmara Cascudo o mais lido dos escritores populares. Na crônica intitulada Leandro, O Poeta, publicada no Jornal do Brasil em 9 de setembro de 1976, Carlos Drummond de Andrade o chamou de "Príncipe dos Poetas" e assinala: "Não foi príncipe dos poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia do sertão, e do Brasil em estado puro". E diz mais: "Leandro foi o grande consolador e animador de seus compatrícios, aos quais servia sonho e sátira, passando em revista acontecimentos fabulosos e cenas do dia-a-dia, falando-lhes tanto do boi misterioso, filho da vaca feiticeira, que não era outro senão o demo, como do real e presente Antônio Silvino, êmulo de Lampião".
Pioneiro na produção de literatura de cordel no país, Leandro Gomes de Barros foi considerado por Luís da Câmara Cascudo "o mais lido de todos os escritores populares. Escreveu para sertanejos e matutos, cantadores, cangaceiros, almocreves, comboieiros, feirantes e vaqueiros. É lido nas feiras, nas fazendas, sob as oiticicas, no oitão das casas pobres, soletrado com amor e admirado com fanatismo. Seus romances, histórias românticas em versos, são decorados pelos cantadores".
A cidade de Pombal sempre foi grata a Leandro, reconhecendo seu talento e o poder de sua poesia, que encantou e encanta, ainda hoje, os sertões nordestinos. A prefeita de Pombal-PB, Pollyana Dutra, está decretando 2015 o Ano de LEANDRO GOMES DE BARROS.

É de sua autoria:
Quando a desgraça quer vir
Não manda avisar ninguém,
Não quer saber se um vai mal
E nem se outro vai bem,
E não procura saber que idade fulano tem.
Não especula se é branco,
Se é preto, rico, ou se é pobre,
Se é de origem de escravo ou se é de linhagem nobre
É como o sol quando nasce.
O que acha na terra, cobre!